sábado, 24 de fevereiro de 2007

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POESIAS CABARELIANAS
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O POETA E A MORENA
Por Reinaldo Simões

O poeta safado zuniu do telhado
Pulou na sargeta
E fugiu do sargento
.
O sargento ciumento
E o sargento danado
Só tinha na mente
O poeta safado

O telhado abrigava o quartinho isolado
Da morena Serena
O rabugento sargento
Queria a Serena morena prá ele

E o poeta safado sabia do fato
E pagava o pato
E tirava o sapato
Prá pisar que nem gato
E dar poesia
A morena Serena.
.
"E o poeta safado sabia do fato
E pagava o pato E tirava o sapato
Prá pisar que nem gato
E dar poesia
A morena Serena".

§§

DEMAIS
Por Christina Rodrigues

As vezes acho que as coisas são demais pra mim.
Tudo incompreensível demais.
Tudo inacessível demais.
Tudo longe demais.
Tudo demais.
Tenho tempo demais e medo demais.
Tenho coragem demais e pressa demais.
Tenho sabedoria demais.
E sou boba demais
È demais esse amor.
Demais a loucura.
Preciso demais respirar,
Pra poder mergulhar mais fundo
Fundo demais.
E descobrir que tenho escondido Coisas de mim.
Coisas demais.
Preciso por demais entender.
Te entender
Mas isso parece longe demais.
Leva tempo demais
Pra te dizer deste amor
Que não cabe em mim
Por ser demais
E por isso se esparrama
Na cama ou nesse papel
Que é pequeno demais
Pra caber tudo que sinto.
Por que sinto demais
Sô queira vocêPerto demais.
Mais perto que do meu lado na cama
Mais perto que em cima de mim
Mais perto
Dentro de mim
Demais.

"Mas isso parece longe demais.
Leva tempo demais
Pra te dizer deste amor
Que não cabe em mim
Por ser demais"
§§

ESSÊNCIA
Por Luca Oliveira

Ainda não descobri
Se são minhas armas, ou minhas fraquezas.
Mas, os pensamentos continuam a se mesclar com o que sinto, digo e escuto.
Logo, escrevo.
O relógio continua a correr
E os dias se vão sem que se perceba.
O brilho da simplicidade é ofuscado pela sofisticação fútil.
Assim, a vida vai...
As pessoas se vêem, se olham, se tocam e se cheiram.
Mas, não se percebem, nem se sentem.
Os olhares se cruzam, os valores se esquecem.
E a razão se faz errante.
O ódio, nas terras secas dos corações, encontra suas raízes.
E refém se faz o amor.
Extinto, esquecido, morto.
Sentimento tão sublime e tão indiferente aos homens.
Os mesmos homens que continuam a negar a essência dessa vida,
Que deturpada, se perdeu.

"O brilho da simplicidade é ofuscado pela sofisticação fútil.
Assim, a vida vai...
As pessoas se vêem, se olham, se tocam e se cheiram.
Mas, não se percebem, nem se sentem."
§§

RIMAS PERFEITAS
Por Karla F. Loureiro
.
Tantas coisas passam por mim
Cheiros , gostos , seios ...
Fartos!Tão farta de tudo estou!
Embriagar-me não basta,
quero ser o vinho , o aguardente , a cana
E todo o açúcar que dela se fizer
Ser mexida com a colher ou mesmo os dedos,
Longos...
Como teus cabelos que me embaraçavam
Quando te via!
Arrepiada , solta ,livre , leve ,
Indelével.
Indecente.
Cheia de sons entre-dentes
Alvos...
Embriagar-me não basta!
Detesto as rimas perfeitas!

"Quero embriagar-me de vida
Encher-me de morte...
A sorte já não me diz nada.
Quero porrada , ficar em frente , estática
Quando a possibilidade do soco surgir!"
§§
.
PONTO DE VISTA
Por Luizinho Jr.
Para o empresário: celeiro de mão-de-obra
Para o trabalhador: esperança
Para o imigrante: paraíso
Para o retirante: selva
Para o suburbano: centro
Para o interiorano: caos
Para o turista: sujeira
Para o político: máquina de dinheiro
Para o analfabeto: Maluf
Para a criança: labirinto
Para os motoristas: inferno
Para os pedestres: risco
Para o playboy: lazer
Para o pivete: sustento
Para alguns: Metrópole
Para outros, apenas São Paulo.
.
"Para o empresário: celeiro de mão-de-obra
Para o trabalhador: esperança
Para o imigrante: paraíso
Para o retirante: selva
Para o suburbano: centro
Para o interiorano: caos"
§§
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INTERLÚDIO DO TEMPO
Por Paulo Franco

INTERLÚDIO DO TEMPO
Interminável interlúnio.
Parco olhar a procurar-se
nesta vasta escuridão.
Interlúdio do tempo,
maestoso intercalar de instantes
nesta teatral composição.
Lento e imponente,
a iludir-nos,
o presente.
Futuro que não vem
enquanto passa-nos.
Passado estático.
Intermúndio do tempo,
intemporal presságio.
Internúncio sem resposta.
Intenso intento de eternidade.
Maestoso procurar-se,
qual na partitura, a inspiração.
Interlúnio do tempo
no interlúdio dos instantes
a acalentar-nos
nesta interminável ficção.

(Do livro PAISAGENS DO OLHAR - página 45)

"Interminável interlúnio.
Parco olhar a procurar-se
nesta vasta escuridão.
Interlúdio do tempo,
maestoso intercalar de instantes
nesta teatral composição."

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